Um e Uno
1
O tempo está bom para o retorno,
para me mostrar no céu,
tal como sou, para vocês
e procurarei me mostrar assim mesmo
Sem mais nem menos.
Eu como sou.
Acredito mais ainda em mim.
E vou mostrar tudo isso
O que aconteceu comigo
Internamente
Em um emaranhado de poema que se sente
A sondagem que aprofunda meu eu
Naquele breu
Que é a sombra da melancolia,
Que é poço da agonia,
Que é porão da desertidão
Que é embaraço da podridão...
Quando eu me vi no pleno sentimento mais desconfortável do meu íntimo
E pude encará-lo de frente
Não como se fosse uma amiga
Nem muito menos uma inimiga.
Estava ali na minha frente como é
E assim, sem mais nem menos
Pude me ver como eu sou.
Sobrevivi. Renasci. E agora sou o que ficou de mim e mais um pouco mais viva.
______
2
O que é a sombra da melancolia?
Ora... por quê devo explicar?
Eu não preciso, pois não sou professora.
Não espere isso de mim.
Eu vou demonstrar e vivenciar
E possibilite que você também vivencie
O drama que é problematizar
A angústia humana
Que desencanta os românticos do século passado,
E faz pensar no quanto esse século que se inicia traz de imediato
E urgente mudança a ser feita numa transição vagarosa
De uma nação presa e sedenta de ser liberta poderosa!
3.
Ora, mas isso não tem nada de muito melancólico.
A mudança é benéfica, é lógico...?
Mas até lá, tem um processo
Que pode ser difícil para quem de certo
Estiver passando pela estrada terrena
Cheia de curvas e poças d'água
Difíceis de contornar e ultrapassar,
Mas eu acredito que o mundo é capaz.
Pode me dizer: como é louca, ingênua e tão... rogeriana puff
Mas aí eu digo: acredito, mas não sou cega
Confio, mas sinto a dificuldade da transição
Para um olhar mais conectado com a nação
Naquilo que nos distingue individualmente
E naquilo que nos caracterize culturalmente.
Só que eu confio porque o movimento continua para todo mundo,
Mesmo que você negue, a árvore continua a crescer,
Com o Sol, a chuva e o adubo a fortalecer...
Mesmo que você negue, o leão continua procurando se alimentar
E dar para sua prole se sustentar...
Mesmo que você negue, o humano continua a tentar achar pessoas que o amem,
Mesmo que custe sua vida inteira...
E é o que é mais puro e genuíno no jeito rogeriano de pensar,
Que é possível acreditar naquilo que é visível aos nossos olhos,
Tangível aos nossos dedos
Como uma paisagem natural que se mantêm em movimento
Ou como a água que podemos tocar com nosso corpo vivente perfeito.
4
Sombra da escuridão?
Ainda não entendi.
Oh, Rogers! Sei que nunca quis dizer que isso não existe.
Sei que quando dizia sobre a empatia,
Sobre a consideração positiva incondicional
E sobre a congruência,
Persistia na ideia da capacidade humana para essa conexão,
E cá estou eu falando sobre sombra da escuridão
Já que no meu entendimento
Parece algo que possa antagonizar
Com a nossa necessidade de compreensão, união e cooperação.
Não antagoniza! Vejam, não mesmo!!
Porque se a consideração positiva é incondicional a qualquer sentimento
É inclusive à sombra da escuridão
Que traga todo um desconforto que a gente não gosta nem de lembrar
De quando nos sentimos convidados
A redirecionar a rota
Para continuarmos crescendo da melhor forma possível.
Esse brotar é tão genuíno
Que transcende o renascer do Sol
Com a luz para nossa escuridão.
Porém os dois existem no mundo e em nós
Como se pudéssemos nos reconhecer
Como humanos e pessoas,
Em condição biopsicossocioespiritual
E a partir disso, florescer na margem das lagoas
Do nosso íntimo pro nosso externo
O cuidado singular do amor
Já que conseguimos compreender o humano que sente a alegria, o amor e até o ódio e a sombra da agonia
Por uma vontade genuína de cooperar, transcender, ser aceito, integrar-se,
Ser compreendido naquilo que de mais puro tem seu intuito,
Mesmo que escolha uma opção diferente dos demais... Ser aceito como pessoa.
5
A empatia e o cuidado interno
Não antagoniza
Com o reconhecimento autêntico
Da raiva, da angústia ou do medo ou da tristeza
Por querermos mais conexão
E não estarmos conseguindo
Como indivíduo
E como coletivo...
A sede de justiça
E a busca de mansidão
É uma balança em equilíbrio
Que se pende mais para um lado ou outro,
A gente se percebe mais ansioso ou mais irritado
Ou mais entristecido,
Mas precisamos confiar no progresso
Que não é linear; contêm crises e evoluções
Como o pensamento sistêmico assim nos ensina
E, literalmente, nos faz sair da linha...
6
Por outro lado, então,
A força da luz
Vem com tudo
Nos mostrando que sobressai,
Quando nos colocamos em importância,
Ao olhar para o outro com brio,
Também me olho e sorrio
Que dessa maneira, o eu e o outro se fundem,
Numa unidade,
Mesmo que não deixem ainda a sua individualidade,
Numa grande paradoxo
Que só nos faz perceber e reconhecer
A humanidade intrínseca complexa nesse elo a se fortalecer
Com cada um sendo um
E com cada uno sendo uno.
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O que achou? Escreve para mim nos comentários. Vou adorar saber.
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