Diálogo entre a Preguiça e o Ânimo
O ânimo resmungou:
“Ô preguiça, porquê você existe?
Você faz as pessoas se esquecerem de mim!”
A preguiça retrucou:
“Ô ânimo, porque você persiste?
Você faz as pessoas maltratarem a mim.”
A preguiça pode ser a rainha do dia-a-dia
Ao te deixar numa grande monotonia.
O ânimo é complicado de aparecer
Quando é dominado pela preguiça
sem deixá-lo se defender.
Com tanto tempo para pensar
E pouco para aproveitar,
a preguiça tende a se sobressair
e assim, o ânimo é vítima de bullying
quando nem aguentamos ver alguém sorrir.
O ânimo com nada se desanima
E tenta estimular sem sucesso um passeio na preguiça.
A preguiça quer poder assistir filmes a noite inteira com pipoca
e não ser julgada pelo ânimo quando ela está de folga.
Logo, o ânimo deve ser o mais estimulado
No trabalho, em casa ou na escola,
Pois o dia vai ficando cada vez mais fácil,
Porém, moderadamente,
podemos nos permitir ter também
nossos momentos de preguiça
Já que a sociedade nos cobra ânimo sempre
E por isso, podemos, às vezes,
deixar a preguiça aparecer naturalmente.
Referência: Poema inspirado no texto de Machado de Assis chamado "O alfinete e a Agulha". Eu vou fazer poesias com vários diálogos entre abstrações ou representações (nesse caso, entre o ânimo e a preguiça). Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59. Link: https://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=1524
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