Num Desfile de Bonecas

A boneca se enfeita
a fim de se sentir perfeita.
Alisa o cabelo e se maquia
para esconder qualquer espinha.
Coloca meia calça de náilon,
vestido com decote e salto alto
para se destacar na passarela
e chamar atenção da clientela.

Desfila com o vestido mais lindo,
mas ela é uma boneca e nada de sorriso.
Desfila com fome,
mas ela é uma boneca e não come. 
Desfila com lamentos,
mas ela é uma boneca e não tem sentimentos.

A bancada é opressora
com feias e gordas.
Tem que ser como um cabide,
que deve se esforçar 
para sua roupa quererem comprar  
na vitrine do desfile.
Mas, venda a sua roupa e não a sua saúde!
Por favor, querida, se cuide!

Ser modelo é uma profissão respeitável,
mas deve ser consciente
para não cair no obscuro e irracional buraco
de se mudar para que seja literalmente uma boneca
e por isso, seu corpo degenera 
e tanto agride 
a fim de ser o mais aplaudido do desfile.





Comentários:
1. Não sei o nome da modelo da foto. Não fiz o poema para ela. Achei a modelo da foto semelhante com a descrição no poema.
2. Fiz o poema para criticar o padrão de beleza, a opressão e os problemas alimentares e psicológicos típicos dessa profissão.
3. O poema tem muitas ironias. Eu trabalhei a ironia nesse poema todo. Espero que saibam analisar e não entendam literalmente o que disse.



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