Diálogo entre o Amor e a Saudade


O amor falou pra saudade:
Por que você insiste em incomodar?
A saudade respondeu na inimizade
Que é porque o amor não deixa de amolar.

A saudade e o amor partem pra briga.
A saudade ganha na primeira partida.
Na segunda, o amor domina a saudade
Deixando de ser submisso à dor de uma distante realidade.

O amor e a saudade não param de competir
Para ver quem se sobressai ao discutir
Porque se um ganha o outro sofre.
Por isso, querem ver quem tem sorte.

Nada útil é essa competição!
É preciso de união
Para essa luta o indivíduo
Enfrentar e não perturbar
O seu equilibrio.

Há um grande alívio
pela saudade serena envolver amantes,
pois não deixam de se amar
mesmo sozinhos e distantes.


Referência: O poema foi baseado na ideia de fazer um diálogo entre abstrações ou papeis sociais (nesse caso, mãe e filha) a partir da obra "Alfinete e Agulha" de Machado de Assis.
Podem comentar uma sugestão, se quiserem.
Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.
Link: https://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=1524


Comentários

Sacha moser disse…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Bellatrix disse…
parabéns pela inspiração. nao tinha lido. meus aplausos. muito bom! um abraço repleto de paz a você