Vergonha na Cara



Mãe,
Quando entrei em casa,
Estava tão sem graça
com tanta vergonha na cara 
que eu nem segurei as lágrimas!! 
Comecei a suar 
E a sentir falta de ar! 
O que você ia achar?!
Mesmo com o coração na mão,
precisava te contar por consideração. 
Abri a porta vagarosamente 
Do seu quarto. 
Você me recebeu amorosamente 
Num gostoso abraço. 
A coragem veio mais facilmente
Para te contar como errei minuciosamente. 
Você me escutou atentamente 
E depois, me disse serenamente: 
"Eu não espero que seja perfeita. 
Eu nem você devemos nos iludir pela certeza 
De que erramos mesmo com boa criação 
E mesmo com um bom coração. 
Eu não posso impedir que você tropece, 
Mas posso te ensinar a pedir perdão quando erre." 
Depois de uma boa reflexão, 
O meu coração 
voltou ao seu devido lugar 
Assim que aprendi que devo me desculpar, 
 me perdoar 
e como sou naturalmente me amar 
Já que mesmo com todos os erros, 

Podemos continuar escolhendo
nos amando e aprendendo. 


Referência: O poema foi baseado na ideia de fazer um diálogo entre abstrações ou papeis sociais (nesse caso, mãe e filha) a partir da obra "Alfinete e Agulha" de Machado de Assis.
Podem comentar uma sugestão de diálogo, se quiserem.
Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59. 
Link: https://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=1524


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