Cobranças Sociais
Pele de porcelana.
Cintura sobrehumana.
Unhas feitas.
Impecável cabeleira.
Raiva inválida ao ser expressada.
Desaprovada ao se sentir pesada
Muito menos se está mal arrumada.
Crianças mal educadas
É só a mulher a responsabilizada.
Trabalho discriminatório
Em salário e falatório.
Raiva inválida ao ser expressada.
Desaprovada ao se sentir sobrecarregada
Muito menos injustiçada.
Casava com quem o pai queria.
Falava só quando podia.
Sem poder mostrar a sua opinião,
Foi escondendo a sua razão e a sua emoção.
Raiva inválida ao ser expressada
Pela sociedade que desaprovava
Quando sua voz se mostrava.
Aos poucos, a mulher entende
Que andar na linha é conveniente
Para a função da mulher que a cultura estabelece
E que a impõe como natureza da mente ou corpo e por isso, se enfurece
Por suas emoções descontroladas não terem motivo
Já que se exige que a mulher seja forte independente de ser possível.
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Autoridades rígidas.
Inteligência sem medidas.
Sensibilidade dificultada
Sem poder deixar cair uma lágrima.
Tristeza inválida ao ser expressada.
Desaprovado ao se sentir sensibilizado
Como se a sociedade o visse como um grande fraco.
Cabelos curtos.
Peitorais duros.
Musculoso escultural.
Tanquinho surreal.
Tristeza inválida ao ser expressada.
Desaprovado ao se sentir pressionado
A manter um conto de fadas idealizado.
Sexualidade ativa à mostra.
Precisando mostrar a prova
De que por muitas mulheres é desejado
Se não, é ridicularizado ou chamado de "viado".
Tristeza inválida ao ser expressada.
Desaprovado se é homossexual
Como se fosse um crime anormal.
Aos poucos, o homem entende
Que andar na linha é conveniente
Para a função do homem que a cultura estabelece
E que a impõe como natureza da mente ou corpo e por isso, se entristece
Por suas emoções descontroladas não terem motivo
Já que se exige ao homem que seja forte independente de ser possível.
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Tanto o homem quanto a mulher
Tem responsabilidades como a sociedade quer.
Algumas fazem sentido
Porque o mundo tem o seu rítmo,
Mas outras não tem propósito
Que são reproduzidas pela sociedade de um intenso modo,
Pois cobram depois de terem sido cobradas
E não terem sido bem contestadas
Como se fossem irracionais máquinas.
A humanidade deve ser revelada.
A família, de maneira empática,
Deve compartilhar responsabilidades,
Limitações e dificuldades
Desconstruindo a falsa ilusão
De um super-homem ou super-mulher em perfeição
A simples e aprendizes humanos
que devem se ver e serem vistos com suas vitórias e enganos.
Os sujeitos devem mostrar sua opinião!
Os sujeitos devem mostrar sua emoção
Sendo essas acolhidas
Por pessoas com autonomia
De poderem dizer o que sentem, pensam e o que vão fazer com as suas vidas.
Os sujeitos devem possibilitar um diálogo
Para que desse modo, despertem algo
Em suas mentes que são o centro da transformação
Quando conseguem compreender devidamente como são.
O que a sociedade diz ser naturalizado,
Na verdade, É culturalizado
E por isso, deve ser refletido
Para quem busca na vida um sentido.
O nosso eu será melhor entendido
Quando entendermos o sentido
De que somos socialmente condicionados,
Mas que podemos escolher ser ou não dominados
Por essa influência
Possibilitando a paciência
Na nossa mente que necessita
Se perceber como alguém ativa.
A mente, coração e ação devem estar alinhadas
Para que a consciência seja despertada
E possa fazer algo com o seu mundo
Já que não somos escravos do que nos impõe a cada segundo.
Devemos nos amar, mas como?!
Permitindo ser quem somos...
Referência:
Poesia foi feita inspirada numa palestra que eu tive sobre o feminismo numa visão da Análise do Comportamento. E também foi inspirada a partir de um video muito bom do Felipe Neto sobre o tema chamado "Padrões de Beleza em diferentes países".
Eu pretendo fazer uma versão mais reduzida desse poema. Pretendo em breve.
Imagens:
1. Konstantin Razumov - Rússia
2. NikeDema Art
3. Autor Desconhecido.
Link que eu peguei: http://piercarlolava.blogspot.com/2017/08/mi-hai-colta-fresco-bocciolo-di-rosa.html?spref=pi
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