Flor da Viúva

Zelmer Lee Bogle - The Rose Artist (Oklahoma, USA)


Ao redor, branco:
Nos ombros, um manto;
E a flor na mão, um encanto.

Nela: Vestido preto,
Pensamento denso
E o Luto intenso de dentro.

O pesar busca algo para se refugiar
Seja uma flor pra cheirar
seja um xaile pra enroupar.

Lágrimas de saudade
De uma distante realidade
Expurgam sua tristonha face.

O pesar insiste em não partir
Enquanto a viúva não o sentir
Pois ele morre de vontade de sair.

Sentir, elaborar e ressignificar
Uma vida, uma perda e o amar
Para a vida conseguir continuar...

Pela sua perda,
A viúva deixa
Que o sorriso se perca.

Ela acha que a alegria,
de certa forma, é proibida
E do pesar é submissa.

A perda deixou um vazio
Tão grande que sumiu
A vontade de viver sem quem partiu.

A viúva cheira a flor
E se condena com tanta dor,
Pois foi irresistível sentir por ela amor...

A flor com sua intrínseca beleza
fez a viúva reconhecer na natureza
que não há apenas dor pela redondeza.

A viúva se sentiu acolhida
pelo manto em cima
de seus ombros e da melancolia. 

O universo é tão convidativo
para acharmos que é proibido
sorrir após o que nos é dolorido. 

O interior se clareia pela compreensão
de que a dificuldade inclusive a perda na evolução
é importante para a nossa evolução. 

Mesmo que o peito continue mais fraco a escurecer,
pela saudade e o amor nunca perecer,
tudo bem isso sentir e persistir em viver...

Pois mesmo que difícil seja a sua adaptação, 
a viúva sabe que ela é a única pessoa que ela não 
consegue realmente viver sem bater o coração...

E ao contrário do que ela imagina,
Há muito mais gente viva que ela imagina
Que quer fazer a ela companhia.

Mas se em quem perdeu ela se limitar
E em seu pesar se fixar, vai ser mais difícil nela encontrar
Forças para que a vida possa continuar...
----------------
Nessa época, eu estava estudando a psicanálise. Agora eu sou humanista centrada na pessoa e resolvi reescrever esse poema mais baseada no meu pensamento atual mais acolhedor. 
Ficou assim...




Flor da Viúva

Ao redor, branco:
Nos ombros, um manto;
E a flor na mão, puro encanto.

Nela: Vestido preto,
Pensamento denso
E o Luto intenso de dentro.

O pesar busca algo para se refugiar
Seja uma flor pra cheirar
seja um xaile pra se enroupar.

Lágrimas de saudade
De uma distante realidade
Expurgam sua tristonha face.

O pesar insiste em não partir,
Enquanto a viúva não o sentir,
Para que ele possa, com o tempo, diminuir.

Ao libertar o pesar,
será inimigo o desrespeitar
porque a viúva precisa se expressar.

O tempo necessário depende
de quanto ELA precisa chorar pelo perdido ente
e não da sociedade que conter o pesar tende.

Mas, por outro lado, pela sua perda,
A viúva impreterivelmente deixa,
em todo o momento, que o seu sorriso se perca.

Ela acha que a alegria,
de forma rígida, é proibida
E do pesar é submissa.

A perda deixou um vazio
Tão grande que sumiu
A vontade de sorrir sem quem partiu.

A viúva cheira a flor
E se condena com tanta dor,
Pois foi irresistível não sentir por ela amor...

A flor com sua intrínseca beleza
fez a viúva reconhecer na natureza
que não há apenas dor pela redondeza.

A viúva se sentiu acolhida
pelo manto em cima
de seus ombros e da melancolia.

O universo é tão convidativo
para acharmos que é proibido
sorrir após o que nos é dolorido.

O interior se clareia pela compreensão
de que a tristeza é uma sensação
num direito nosso próprio pela separação.

Mesmo que difícil seja a sua aceitação,
a viúva sabe que ela é a única pessoa que não
consegue dizer até quando vai sentir tristeza ou animação.

Há de sentir, elaborar e ressignificar
Uma vida, uma perda e o amar,
Quando a vida conseguir continuar...

E ao contrário do que se imagina,
Há muito mais gente ainda viva
Que quer fazer a ela companhia.

Ela vai reconhecer quem ainda pode vivo enxergar,
no tempo dela que é só dela, embora possam mostrar lamentar
Que não os enxerguem no momento pela tristeza do luto a se liberar.

Pintura: Zelmer Lee Bogle - The Rose Artist (Oklahoma, USA)
Beatriz Nahas



Comentário: Irreal: não sou viúva. Pessoal: perdi algo também... O poema é irreal e pessoal por esses motivos. Primeiro poema assim. Por isso, estou explicando. Procurei fazer uma elaboração do luto muito básica ao longo do próprio poema. Mas existem várias outras questões no luto. A força é o conjunto das minhas obras juntas (e não apenas isoladas) da categoria: Morte e Depressão que podem ajudar exatamente pela complexidade dessas questões.

Comentários

Sacha moser disse…
Um amor verdadeiro e pulsante nos convida a sermos melhores e mais vivos de corpo e alma,quando esse amor algum dia deixa de existir nos tornamos ocos e sem vida igual a uma viuva desolada com saudades de seu amor,mad o amor proprio as vezes nos ajuda mas tambem nos tornam egoístas porque de certa fôrma nao esquecemos nosso amado/a. O coracao é algo dificil de se lidar,mas com muita emoção ,paciencia e persistência podemos o curar basta nao deixar o amor morrer seja o proprio ou pelo seu amado/a.
Forte abraco poetiza bia
Bellatrix disse…
Amor próprio é essencial em todos os momentos principalmente nesse porque devemos procurar não depender do outro para viver. Obrigada pelo comentário e visita, leitor. Um abraço repleto de paz a você