Deixada na Frente da Porta


Tomoki Awazaki (´Asia Oriental, Japão)

Há abandono
àquilo que não importa.
Durante o sono,
fui deixada na frente da porta.

Se procuro em outra pessoa
o amor que faltou nesse momento,
posso não ter uma reação muito boa
quando ocorre um separamento.

A frustração acaba sendo tão grande
porque é o acúmulo do abandono desse instante
em que era bebê ou criança
já que não tinha alguém que pudesse oferecer confiança.

A frustração de qualquer separação
acaba sendo mais suportável ao coração
quando separamos do nosso histórico pessoal,
e assim nós compreendemos a liberdade individual.

Dependência ou Independência absoluta
acaba sendo muito prejudicial a nossa conduta.
O equilíbrio entre o meio e o interno
deve ser compreendido para não nos rendermos ao inferno.

Inferno da consciência
perdida na sofrência
por sentir que como ninguém ama,
tudo bem se queimar na chama.

Abandono da família ou da amiga,
Rejeição da namorada ou da empregada,
Rejeição do professor ou do povo opressor
pode levar a rejeição de si mesmo pela tamanha dor.

O tamanho da dor é pelas ocorrências à fio
de quando se sentiu abandonado e sozinho,
mas nunca vai perder a si nesse mundinho
porque a mente é a principal aliada do destino.

A mente é a que mais nos prejudica ou nos auxilia
quando ela está mais positiva ou mais negativa
porque ela que vai ajudar a enfrentar qualquer frustração
ressignificando e perdoando qualquer situação.

´E com o tempo que a dor diminuirá.
´E com a mente que a dor se ressignificará.
A extrema saudade e tristeza dos planos negados
é também pela alta expectativa em não ser mais abandonado.

Mas separações não são abandonos.
Separação de indivíduos livres e autônomos
que tem liberdade de escolher e sentir
é diferente do abandono a um bebê que não tem para onde ir.

O abandono físico é combatido pela lei.
Mas o abandono psíquico é combatido pela mente que é nosso rei.
O ressentimento é vagarosamente elaborado e perdoado
porque o tempo de evolução é extremamente individualizado.

Embora tenhamos responsabilidades,
as pessoas não são perfeitas ainda nesse mundo de provas e expiações.
Embora tenhamos necessidades,
as pessoas vão evoluir no tempo delas os seus corações.

Então, entreguemos a mágoa a Deus.
Ele cuida de todos os filhos Seus.
Não tem porque se subestimar nem o mundo lutar
porque sabemos que em tudo há um lado bom e um a se melhorar.

Em todos nós, há uma centelha divina
preparada para desabrochar em nossa vida
para que nos conduza a um caminho mais saudável
sem exigir que todos sejam perfeitos para não sofrer, pois a dor é irremediável.

Podemos aprender
estudando, conversando ou até sofrendo.
Podemos amadurecer
de várias maneiras sem necessariamente padecendo.

Não é pela frustração que vamos desistir de viver.
A vida tem dificuldades para nos ajudar a amadurecer.
As pessoas, as situações e nós mesmos tem lado bom e ruim.
Se nos concentramos apenas no ruim, deprimiremos assim.

O ressignificar
é o que a mente pede de nós em cada lutar.
O ressignificar
é a porta que podemos abrir ao perdoar àquela que se fechar...

Um clichê que nesse poema faz todo sentido:
"Quando uma porta se fecha, uma outra se abre".
Referência: Poesia inspirada na teoria psicanalítica de Freud e, especialmente, a de Melanie Klein.
E também inspirada na pintura acima.
O video abaixo é da Psicóloga Pâmela Magalhães num programa em que ela explica: Como lidar com a rejeição?

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