Teoria do Micro para Macro

          

         Essa postagem não traz uma poesia; mas sim, uma reflexão sobre minhas poesias. ´E importante tanto para meu processo criativo quanto para a produção poética no Brasil que os autores escrevam sobre o "fazer poético" para que a poesia ganhe cada vez mais força com os poetas e poetisas compartilhando sua maneira, sua perspectiva e sua história com a escrita.
         O nome "Teoria do Micro para Macro" foi inventado por mim ao terminar de fazer os esquemas abaixo no Word no dia 2 de novembro de 2019. ´E uma teoria que se refere a uma forma de analisar e escrever poesia. Pode ser que já tenha alguma teoria semelhante ou até que seja um pensamento normal de escritor, mas decidi sistematizá-lo e organizá-lo nesse post para explicar como eu faço meu trabalho poético. 
         Eu escrevo poesias de cunho espiritual, social e pessoal. 



Para fazer minhas poesias, eu escrevo com um objetivo determinado para cada cunho. Cada cunho tem categorias que seria um foco mais específico, ou seja, uma delimitação maior do tema. 

  • Se for de cunho espiritual, a finalidade é elevar meu espírito e por consequência, ter a possibilidade de animar o espírito dos leitores. ´E o tipo de poesia que sinto um tipo de êxtase depois de fazer inigualável. Por isso, acho que está no topo da pirâmide com relação à importância de aproximarmos da nossa natureza e paz espiritual.

  • Se for de cunho social, a finalidade é me manifestar a respeito de alguma questão social. Eu estudo muito para fazer essas poesias porque meu objetivo é a reflexão, a conscientização e a autonomia da humanidade. Está no meio da pirâmide porque é extremamente importante falar do cotidiano, do contexto social e da nação que vivemos, pois somos seres biopsicossociais. ´E importante estimularmos o máximo nosso senso crítico para ampliarmos nossa consciência e renovarmos nossa esperança sabendo esperar o tempo da humanidade de evoluir.

  • Se for de cunho pessoal, a finalidade é expressar meus sentimentos livremente sejam eles quais forem, por exemplo, tristeza, alegria, raiva, medo, amor e desejo. O ser humano precisa se conhecer e aceitar seus sentimentos. A partir de então, eu falo dos meus sentimentos e, em alguns casos, sem ser de forma obrigatória porque a própria expressão dos sentimentos já é importante, eu também busco uma maneira de ressignificar ou ver de outra forma ou de um pensamento que me ajude de forma que a poesia possa me ajudar a me analisar como se fosse algo terapêutico. Não dá para julgar o trabalho artístico nesse aspecto. Cada um tem uma visão de mundo. Cada acontecimento pode afetar pessoas de maneiras diferentes. Precisamos respeitar e, se convidados, aprender a compartilhar juntos. Nesse "tipo" de poema, se eu tiver sofrendo com alguma desilusão amorosa ou se estiver querendo fazer uma dedicatória de alguém marcante na minha vida ou se quiser fazer uma reflexão sobre algum acontecimento ou pintura ou música que tenha me tocado, eu tenho espaço. A arte é uma forma de expressão, autoconhecimento e terapia também. Nesse tipo de poesia, normalmente o olhar é micro porque aborda a vida de um indivíduo. 

             Mesmo tendo feito essas classificações, acredito muito que as poesias normalmente podem abordar diversas categorias e cunhos. Essa mistura é algo natural e inevitável, mas também acho que uma predominância em um cunho talvez seja o mais tendencioso embora haja exceções. Tendência é diferente de Impossibilidade. Não dá para colocar regras para arte. Mas analisando pelo menos minhas obras e as obras de várias pessoas no Recanto das Letras, eu percebo bastante essa distinção porque tudo depende da intenção e finalidade do artista em escrever. Se estou com saudade de um antigo amor, eu vou escrever um poema de cunho pessoal com uma visão micro. Se estou revoltada com algum projeto de lei, vou escrever um poema de cunho social com uma visão um pouco mais macro. Se estou inspirada depois de fazer uma meditação, vou escrever um poema mais zen de cunho espiritual. De novo, eu já escrevi poesias que mistura os três cunhos que se chama "Equilíbrio das Nossas Vidas" e "Xaile das Religiões" já que nesse último eu trabalhei a ambiguidade, mas acho que é o mais raro. 
           Não acho que escrever poema com uma visão macro ou micro seja o mais correto. Como eu disse, a arte tem esses três objetivos principais (ou até mais) em que tudo depende da intenção do artista ao escrever. Eu coloquei a visão mais macro no topo da pirâmide não porque acho ser o mais correto; mas sim porque a visão do artista ao escrever não está restrito a sua vida individual; está focando em questões sociais ou espirituais que vão além de si mesmo. (Pode ocorrer controvérsias, mas como sou espírita, acho que de cunho espirituais também é uma visão mais macro que social porque vai além da sua única encarnação terrena.) Bom, enfim, os três tipos de cunhos são essenciais porque cada um tem a sua característica e finalidade. 
        Eu, analisando meu trabalho, acredito que tento fazer um equilíbrio entre esses três cunhos, ou seja, escreve um poema de amor, depois uma espiritual, depois um social, depois um mais pessoal e assim vai... Estou falando de mim! Depende do momento. Não acho que é o certo. Tem gente que prefere ficar mais em um ou em outro. Sério!!! Não tem problema, no meu ver. Quando a gente escreve, a gente deve ser autêntico ao nosso sentimento ou pensamento. ´E importante o artista ser verdadeiro consigo mesmo. Seja uma dor seja uma alegria, o sentimento deve ser expresso sem julgamentos alheios ou até autocríticas. Muitas vezes, quando estou escrevendo algo triste, me condeno um pouco até porque tem gente que não gosta muito de ler algo assim, mas então que leia outra coisa ou que leie com outros olhos porque os artistas precisam ser autênticos com seus sentimentos. 
          Acho exatamente por isso difícil avaliar a poesia alheia. ´E algo muito pessoal e autêntico! O melhor é ler tentando entender os sentimentos e necessidades alheias independentemente se voce não se identificou com aquilo. Cada um tem uma história, uma personalidade, um espírito, sentimentos e uma percepção de vida peculiar que a arte abraça. Aliás, se me permitem dizer, acho que querer obrigatoriamente se identificar com uma obra é um tanto egoísta. 
         Então, a "Teoria do Micro para Macro" é uma forma que EU encontrei, inconscientemente, de escrever e pretendo aceitar meu momento em todas as vezes que estiver escrevendo. (Inconscientemente porque só racionalizei e sistematizei isso agora) O que importa é que não quero me condenar mais quando estiver escrevendo coisas mais "intimistas" ou quando forem coisas mais "ambientalistas". Devemos respeitar nosso momento ao escrever! Esse momento é só nosso! 
    Deixo aberto ao diálogo tanto as convergências quanto as divergências. Como já disse, o "fazer poético" deve ser analisado e discutido com boas intenções de troca de experiências e perspectivas para o crescimento da área da poesia.
Um abraço repleto de paz a vocês.
Da Beatriz Nahas

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