É Tarde?

          

Eu sigo junto ao relógio.

Escuto um som me dizendo que ainda é tempo.

Os segundos não param

Numa velocidade constante. 

Escuto um som que diz para eu ver

Que ainda há tempo 

Para meus sonhos na minha vida

Serem realizados ou mudados. 

Isso depende de mim. 

Se pensar que é tarde demais, 

Me lembrarei do compasso de um relógio em minha cabeça 

Me lembrando de como um segundo novo sempre vem...

Não quero me comprometer 

Porque o Sol pode explodir em qualquer momento 

E aí, vai ser um adeus temporário 

Já que o Espírito pode ter outras vidas em outros planetas

Nos mostrando que o tempo ao Espírito 

Não é um empecilho, não é um obstáculo. 

Talvez o que possa ser um obstáculo é pensarmos,

Ignorando o som do relógio na nossa cabeça marcando o tempo constantemente,

Que simplesmente é tarde demais

E que então o melhor talvez seja desistir 

porque não se é capaz de algumas coisas conseguir.

 

Mas como é possível refrear os sentimentos?  
Scripts da vida para todos não existem. 

Se existem, podem não nos trazer a felicidade. 

Não nos traz uma felicidade e sim, um alívio
 
Pensar que o tempo é infinito e aliado nosso.
 
Qual é a nossa relação com o tempo e a nossa vida? 

Como eu me vejo em cada segundo novo? 

São perguntas importantes

Porque o único "roteiro" que podemos confiar 

É o da nossa alma. 

Documento da poesia

poesia um pouco inspirada no trecho do texto comovente do 

André Sarli, 30 anos, está na maior aventura da sua vida: sair do Brasil e morar na Suíça por, pelo menos, dois anos. Detalhe: não é rico, não vem de família abastada, não tem o dinheiro suficiente e não ganhou nenhum bolsa. A única escolha: fazer o seu próprio destino e se tornar o seu próprio chefe. Formado em Direito pela USP, adora o Japão, gosta de comer pra caramba nas viagens e tem certeza de que não precisa ser rico para viajar. Ele escreve no blog Revoando | página Facebook e Instagram.

http://www.rodandopelomundo.com/2015/08/12/quem-foi-que-disse-que-voce-precisa-viver-uma-vida-normal/

 

No exato momento em que escrevo, eu estou adentrando a um túnel que não tem mais volta. Ainda que não de forma total, eu estou, pouco a pouco, abandonando a normalidade. Eu rasguei o script da vida. Sabe aquela história de que devemos estudar, trabalhar, achar um par e nos assentar? Quem foi que disse que precisa ser assim?

Essa frase me bateu como um jab no olho e um direto no queixo:

 

“Quem foi que disse que precisamos viver uma vida normal?”

 

Eu explico. Eu deveria estar na fase de me assentar. Na minha idade, acabando de completar os 30 anos, a sociedade acha que devemos estar prestes a casar ou casados e nos preparando para ter filhos. Trabalho então, nem se fala. Dizem que os 20 anos são a idade de arriscar. Os 30 são quando continuamos o que estamos fazendo.

É, amigo… Eu, apesar de estável, vou largar tudo, em nome de um sonho maluco no país mais caro da Europa. Detalhe: não sou rico e não tenho o dinheiro suficiente. Missão, teoricamente, impossível.

Logo eu que tive uma adolescência e meus 20 e poucos anos de forma atribulada e recheada de dificuldades. As pessoas dizem que eu consegui vencer na vida. Naquele ideal de que as pessoas tem de “vencer na vida” quer dizer fazer faculdade e encontrar um bom trabalho. Passei em uma universidade pública e em um concurso público. Teria tudo para me acomodar agora e nunca mais me arriscar e, só com a aposentadoria, com a mobilidade reduzida e muito menos disposição, aproveitar o que me restaria de vida para andar pelo parque às 15 horas (sem contar os finais de semana, mas eu tenho certeza que você entende a diferença).

Mas, como eu disse, estava me sentindo incompleto. O script da vida não me satisfaz.

Foi bom, sim, chegar aonde estou. Tudo o que eu tenho foi com o suor do meu rosto e anos de estudo. De forma alguma eu penso que é o motivo para parar. Eu quero algo mais.

Eu não quero uma vida normal – quero uma vida que me satisfaça intelectualmente.

Por isso eu escolhi deixar o meu cargo público e minha carreira promissora no Brasil e tentar a sorte na Suíça, com um mestrado, mesmo não tendo as condições financeiras necessárias. É loucura? Sim. Mas para vencer é preciso ter uma dose de loucura. Como eu disse, eu estou rasgando o script da vida. Para escrever o meu próprio.

Estou rasgando o script da vida. Para escrever o meu próprio.

A sociedade toda tem planos para você. A sociedade tem planos para todo mundo. Ninguém quer seguir exatamente os planos da sociedade. Ao mesmo tempo, todo mundo tem enraizado o que você deve seguir.

Sabe aquele parente (felizmente a minha família é de boa) que, apesar de não ter a vida mais regrada do mundo, vive perguntando quando você vai casar e ter filhos? E se você é mulher, é pior ainda. Te perguntam loucamente quando você vai se assentar e arrumar alguém. Como se fosse só se amarrando a um par e a um emprego, as mulheres, todo mundo de uma forma em geral, pudessem se tornar alguém, aos olhos da sociedade.

Assim, por mais que ninguém siga exatamente o script da vida à risca, eles tentam. E eles querem que você siga. Se você está solteiro, querem que arrume alguém logo. Se você está desempregado e fazendo planos para ter seu próprio negócio, querem que você se acomode e arranje um emprego para sustentar o negócio de outra pessoa. Se você quer se tornar um nômade digital, acham que isso é errado e que você tem que arranjar um emprego formal. Se você tem um emprego legal, mas a sua vida não é interessante, você tem que se acomodar e tentar continuar no mesmo caminho.

Não estou falando para você sair totalmente da vida em sociedade. Nós trabalhamos, arranjamos um par e temos um filho por várias outras razões. Muito menos estou dizendo para seguir pela ilegalidade. Estou falando das regras morais impostas pela sociedade e pela linha de pensamento de que você só é alguém se seguir este script.

O plano da sociedade para você: acomodar-se. Uma vez que você tenha atingido um status qualquer, que você sempre quis, avançar talvez seja arriscado demais. Dar um passo para trás então, mesmo que seja para pular cinco para frente, nem pensar: te chamam de burro, louco, inconsequente…


A vida é aquilo que acontece enquanto você está fazendo outros planos.” – John Lennon
Vou falar mais uma vez: você não precisa seguir o script e ser de todo normal. Você pode até deixar toda a sociedade feliz, mas será que ficará contente consigo mesmo?

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