Bengala


Coloquei minhas mãos em algo inerte.

Ele não passou a ganhar vida, quando o toquei. 

Esperei como tola. 

Espero que não seja em vão essa espera por confiar de que algum dia irá. 

Até lá, eu procuro estar esperançosa e confiante, embora não dependa apenas de mim. 

Acredito que todo o universo também possa ajudar. 

Ainda assim, é uma escolha viver sua e agradecer por ela também. 

A sua relação com a vida é tão pessoal que só podemos perceber ao longo do tempo o quanto e como estamos conectados com nós mesmos e com quem amamos. 

Eu o toquei novamente, sem intenção de ser intrometida.

Chegou um momento que ele parecia ganhar vida, somente depois de eu tocá-lo, e aí, aos poucos, ia voltando a vegetar, a negar a vida e a si mesmo. 

Me senti cansada porque me sentia, às vezes, sugada a energia de quem tem dificuldade (como eu tinha) de encontrar dentro de si a própria força. 

Eu o entendi tanto que o meu cansaço chegou a ser secundário, embora ainda seja uma bengala...

Eu fui encontrando em mim mesma uma convicção dele ser como se apresenta, como também de eu ser como eu estou.

Assim, eu de bengala me conformei, e quando eu o olhei, eu percebi que me deixei ser útil ou ser caída, quando fosse necessário, e aqui estou eu: tendo sido usada. 

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