Forte Corte



Para Pe. 

Um corte 

Forte 

Foi certeiro 

Abaixo do meu joelho.

Eu me machuquei como um arqueiro 

Dando mais uma flechada

Na própria costa entrecortada

Ignorando um bom conselho

ou até outra no meu sobrevivente coração 

À intensa dor de uma desilusão.


Coagulou pelo meu corpo me defender 

A qualquer custo 

E uma casca formou ao procurar ceder

A reclusão em absoluto.   


Mas aí, você veio e ficou remexendo 

Meu machucado 

A cada semana se intrometendo

No meu corpo calado. 


Estremeci. Congelei. Indignei. 

Rompeu com minhas defesas. 

Agiu tão rápido que não desviei. 

Deixe elas em paz nas mesmas!


Audácia sua continuar tirando a casca 

Como é me empurrar de uma cascata,

Mas sobrevivi a essa violência 

E quero a minha paz com urgência. 


Agora não deixo de observar 

E de não conseguir ignorar

Que ainda lá ficou uma marca 

A qual é evidente na minha cara. 


Sei do meu passado de arqueiro

E de boba na corte pela metade de um ano inteiro 

De alguém que me flechou dizendo que me amava 

E agora só restou a dor da desilusão como marca porque eu confiava. 


Quase confiável, pois era estranho 

Cutucar na ferida 

E ainda mais insano 

Me dizendo ser querida...


O que posso supor que o seu amor

Não é o mesmo que o meu

Porque atirou em mim dando dor, 

Mas agora da marca uma cicatriz nasceu!



Essa poesia é uma continuação e oposição da poesia "Arco e Flecha" do blog. 

Acredito que possa também interpretar que "Arco e Flecha" é referente ao começo do relacionamento que realmente foi recíproco. Já esse poema "Forte Corte" é do final porque realmente foi o fim de algo que durou mais do que podia. 

Comentários