Bonequinha de Plástico
Breu de dignidade
Se fez verdade
Naqueles momentos
Em que me transformaste
Numa bonequinha
Ao seu bel-prazer.
Instante que presenciei
O âmago e o ápice da intimidação
Várias vezes na minha vida
Em relações frias de contato.
Momentos esses de exposição
E humilhação ao ser convertida
Num objeto plastificado
Que simplesmente é oco por dentro.
Só vejo lágrimas ao me deparar com a tristeza,
Só escuto gritos ao me deparar com a raiva,
Só percebo uma cabana por me deparar com a vergonha
E só encaro a dor só quando me percebo violada ao ter minha autonomia, minha voz
que não pode me ser tirada por ninguém nem por mim.
Só quem pode ser reduzida a algo inferior
É quem foi violada a uma versão mais empobrecida do que fazem de ti....
Não sou eu. Eu sinto dores.
E também tenho esperança de achar
alguém que acolha meu coração.
Estou no abismo da dor,
Mas vou levantar
Não para amar de novo outro;
Por me amar e perceber que sou digna do amor
Como você acredita que eu não seja;
Como você não foi capaz de me mostrar;
Como você não soube dar valor
Somente se aproveitando do meu corpo
Ao seu bel-prazer.
Não sou contra o prazer
Como possa pensar
Por ser algo tão delicado que você não possa cogitar
Que não faria conseguir compreender a minha dor de ter sido usada
Como uma bonequinha
E depois descartada quando percebesse que essa bonequinha tem opinião
Que possa ser diferente da sua.
E é sim! Não sou oca.
Sou humana.
Quero prazer sim,
Mas também amor, respeito e consideração.
Eu não quero mais passar por isso de novo.
Vou me apropriar da pessoa que realmente sou
E estarei mais cautelosa
Já que uma bonequinha de plástico não me define.
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