Esconder pra me Mostrar
Como o Fantasma da ópera,
eu gostaria de me esconder pela minha feiura
Numa máscara e num castelo
E às vezes, me escondo e me repreendo.
Como a Princesa Rapunzel,
Eu admito que gostaria de me refugiar
Pelas minhas acnes numa torre
E às vezes, assim faço e me repreendo.
Como o Monstro de Frankenstein,
Às vezes, me vejo
Pelo meu rosto monstruoso
e vergonhoso a ponto de me achar
Um ser sobre-humano horroroso.
Não tanto exatamente pela história de cada um
Quanto me identifico com o sentimento
De estar imerso no receio, na tristeza e no constrangimento
de não se achar digno de amor, por isso...
Passar uma vida sem amor é muito triste.
E por isso, ao pensar neles, eu me vejo,
Me concebo, choro e clamo por dias melhores
Porque a falta de amor é uma dor absurda
Que eu não quero mais vivenciar e assim viver.
Essa dor se intensificou quando terminamos,
Por denunciar esse defeito meu como um motivo.
Por isso, não sou realmente digna do seu amor
e me via sempre me contentando com migalhas.
Agora, mesmo eu conhecendo muitos rapazes,
Não me sinto olhada com amor e aceitando ser
Já que minha vontade é me esconder
Até que meu rosto volte ao normal.
Justificam a insistência delas meus hormônios tão desregulados,
Cistos nos ovários assim como os meus organísmicos significados.
Não sou passiva quanto minha doença.
Sou ativa a pensar na sua influência
Na minha vida e o que ela pode dizer de mim mesma.
E ao pensar nessas obras clássicas, concebo o meu esconderijo
Sempre sendo minha maior vontade não aceita que insisto,
Mesmo quando saio, por não querer estar nessa vida sola,
Não permito ser ali a vontade simplesmente de me esconder de vergonha.
Mas é o que mais quero: me esconder
Como eles o fizeram no início da história...
Eu quero me esconder sem mais nem menos, mesmo que antissocial possa parecer
aos outros, mas não é, pois está conforme a minha vergonha no fim
nesse momento de vergonha sendo meu jeito de ir experimentando olhar pra mim.
Olhar para essa ferida aberta dói mesmo de tanta angústia...
Para me mostrar sentindo "bem" diante de outros e digna de amor,
Inteiramente, preciso estar inteira me escondendo
acreditando ser eu me mergulhando na minha cura,
mas não chegando a me afogar na minha loucura.
Me esconder é o que faz com que esteja de acordo com esse constrangimento
Que está sendo meu karma, minha sina
De toda uma estrada, uma vida...
E quem sabe, assim ressignifico a minha loucura
Aceitando a máscara, a torre e meu rosto monstruoso
De quem quer se esconder
Pra se mostrar...
E por fim, encaro poder escolher ser vista ou não por alguém
porque é assim que num mundo aceito como singular eu me vejo:
Vergonha de ser vista.
Mas posso ser tanto sim como não rsrs
E isso por si só já é libertador...
Poesia inspirada na Rapunzel, Frankenstein e Fantasma da ópera.
Poesia tbm inspirada na série " Beleza Natural" da Netflix que me tocou profundamente.
Final do poema só veio agora... depois de um tempo de ter escrito o poema kkk
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