A Ilusão do Herói por Charlie Klein - Episódio 4 da Série em Poesia "Amélie Klein"

Instangran @Hazylle & River - #sketch #drawing #inktober2018#inktober


Tenho a missão
De salvar a nação
Desde o mar a Terra
Por aquele que só berra.

Meu pai confiou a mim
Sua empresa quando for seu fim
Como foi passado a ele pela nossa família,
Mas eu não quero fazer isso da minha vida.

Para ser considerado um bom homem,
A raiva e a fúria me consomem,
pois preciso ser forte como um Deus,
não importando os sentimentos meus.

Por bem, devo conquistar honrarias,
Ou abusando do poder com gritarias
Como meu pai sempre diz
Para que eu possa ser feliz…

Meu tridente de Aquamen ataca
Manipulando a água
Para que o mar e a terra estejam no meu comando
Se não, na batalha, fracassarei sangrando…

A tristeza não tem lugar
Nem mesmo a possibilidade de amar
Se não perco a batalha
Por não utilizar devidamente a raiva
que é a minha arma.


Quando algo me entristece,
Meu pai diz: Nada te enfraquece.
Quando algo me emociona,
Meu pai diz: Não me decepciona.

Desde criança, eu não podia chorar
Rir nem amor demonstrar.
Meu melhor amigo David, desde já, vinha me consolar e escutar.
Para ele, me abria tanto que revolucionávamos o que era de nos esperar.

Pela amizade, nos amávamos.
Conversando, desabafávamos
Como nossos pais pediam uma alta exigência
Tendo que a nossa identidade colocar uma venda.

Em nome da batalha, temos que vencer
Se não não é recompensado por merecer.
O amor paterno não nos era dado
Apenas discussões quando fazíamos algo errado.

Meus amigos Amélie, Jane e David eram as testemunhas
De como papai Robert e mamãe Susan se transformaram em múmias
Do patriarcado até que, pela traição de papai, mamãe decidiu
Que não precisava se submeter a algo assim e então, desistiu…

Como Sartre dizia, quando o amor
Reduz duas individualidades a uma só resta a dor
Já que as liberdades e subjetividades são oprimidas
Sugando de ambos as energias.

Susan e Amélie faziam as atividades domésticas
Enquanto ele me exigia a tirar 10 nas matérias.
Papai implicava dizendo que é perigoso quando Amélie queria sair
Enquanto eu sozinho me deixava livre para ir e vir.

Papai não deixava Amélie dizer palavrão
nem se meter em confusão,
Enquanto eu podia falar o que quisesse e fazer judô,
Mas não podia levar desaforo para casa com nenhum chororô.

Eu e Amélie brincávamos cada um com seu brinquedo.
De tanto, papai ficar irritado dava medo
Então, todos da casa fazíamos o que ele queria,
Até o momento que Amélie conheceu Louise e ela começou a ter e a contagiar com a sua valentia.

Amélie ajudou a sua mãe a reerguer sua autoestima
Já que estava numa profunda melancolia sem voz ativa
Com esperança de que tudo passasse,
Mas como nada mudava, resolveu acabar com esse impasse.

O medo da masculinidade patriarcal unem a nossa cultura.
O condicionamento de que os homens devem ser violentos fazem uma ruptura
Na espontaneidade e respeito entre os sujeitos
Presos aos rótulos que não notam os seus esqueletos.

Quando mamãe se separou, sentimos tristeza,
Mas infelizmente também alívio por termos mais liberdade com certeza
Para que eu e Amélie pudéssemos brincar, vestir, dizer e fazer livremente
Assim como nossa querida mãe Susan Klein estar mais independente.

Papai se enfureceu por não mais no comando estar
Como se estivesse perdido a sua batalha que meu avô o condenou a lutar.
Papai se negou a derramar uma lágrima
E a pagar a pensão já que não é sua responsabilidade… Que lástima!

Na floresta, Charlie vai por estar chorando
Já que nunca teve o amor paterno que está precisando....
Ele chama a bruxa Morgan que aparece em sua vassoura
Perguntando o motivo de chamá-la nessa hora…

Charlie diz que se permitiu chorar
Porque tudo a ruína parece estar
Já que seu pai numa ilusão se perdeu
Por achar que o amor nele nunca nasceu.

Charlie que está começando de Gabriely a gostar
Mas que nunca foi ensinado a amar, 
teme que possa a ela machucar
E por isso, acha que deve dela se afastar.

Charlie pede a Morgan uma poção para desaparecer
Ou para que seus problemas pudessem enfraquecer
Ou para que pudesse seu pai mudar
Ou para que fizesse esse sentimento tão ruim acabar.

A bruxa Morgan dá a ele uma poção
Que fez em seu caldeirão
Para reconhecer nele a individualidade que o convida
A sentir seja tristeza, seja amor, seja alegria.

Independentemente de quem for,
Ele pode viver com mais amor
Aprendendo o que for preciso
Para que conheça e fortaleça mais o seu íntimo.

Pegando carona com Morgan em sua vassoura, ele foi falar
com seu pai para tentá-lo despertar
da ilusão de uma batalha a ser vencida
já que não precisa ser reproduzida.

Com a aceitação da própria natureza individual
Que tanto tem lado intelectual quanto sentimental,
O seu pai Robert Klein passou a aceitar essa mesma natureza das mulheres da sua vida
Que desrespeitou antes por ter se visto preso nessa ideologia.

Charlie, com empatia e autenticidade, as palavras certas conseguiu achar
E, de forma respeitosa, com seu pai, viu como é possível dialogar
Depois de tantas vezes que tentou com indelicadeza e fracassou
Já que estava concentrado em ganhar a batalha que agora não mais precisou…

A ilusão de herói acabou pela sua mente que se libertou
das amarras do que seu pai dizia que não mais o afetou.
A sua mente mais forte e capacitada com a mágica poção
Pode aprender a amar e seu pai ajudar lado a lado em união.

Enquanto isso, a bruxa Morgan, bem discreta na janela
Preocupada como uma mentora que só de longe Charlie observa,
Se diverte porque nunca disse a ele que a poção sem efeito é como um remédio placebo
Já que ela entende que o poder da mente deles é o ingrediente “mágico” do seu grande segredo...

Referência: Como eu resolvi entrar nos personagens masculinos, precisei estudar bastante para esse episódio.
Estudei em artigos, músicas, desenho e vídeos no youtube.

1. Artigos:
- Criações Diferentes Entre Gênero

Resolvi começar por Charlie Klein, irmão de Amélie Klein, porque seria uma ótima oportunidade de fazer uma crítica a diferenças de tratamento entre filhos e filhas baseadas no gênero dentro da família.

NASCIMENTO, Célia Regina Rangel; TRINDADE, Zeidi Araujo. Criando meninos e meninas: investigação com famílias de um bairro de classe popular. Arq. bras. psicol., Rio de Janeiro , v. 62, n. 2, p. 187-200, 2010 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672010000200017&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 14 nov. 2019.

https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2011/07/04/diferencas-na-criacao-de-meninos-e-meninas-podem-prejudicar-a-crianca-veja-exemplos.htm?cmpid=copiaecola

- Amor Romântico - Segundo Sartre
Critiquei o amor romântico e relação abusiva de muitas família emaranhadas muito fixadas em papeis e rótulos sociais. 
https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/QgrcJHsbjCMfwkKlJdnrXBGmLSnjWNrtdrv?projector=1&messagePartId=0.

- Poderes do Super Herói Aquamen
Fiz uma relação dos poderes do tridente do Aquamen com as exigências aos homens na nossa sociedade desde a família.
https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/listas/2018/12/aquaman-10-poderes-extraordinarios-dados-pelo-tridente-do-heroi

2. Vídeos:
Esses vídeos do Leo Hwan são excelentes, pois analisam as masculinidades relacionando com personagens pop de filmes e desenhos animados trazendo bastante o indivíduo e as implicações do contexto social a ele. Vale a pena seja homem seja mulher. 




3. Música
A primeira coisa que eu pensei até antes de estudar os artigos e estudar os vídeos do Leo, já estava pensando em fazer um personagem com inspirada na música Snuff do Slipknot. 




4. Desenho
https://www.instagram.com/p/BpMh2rPnFhK/

5. Homenagem ao dia do Homem. 


Comentários

Sacha moser disse…
Nossa que forte usar sartre,parabens ficou muito profundo o texto bia